sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O dia em que nascia a minha Vida

*O post de hoje é longo, mas vale a pena ler até o final!

Quando a gente é virgem em um determinado assunto (não estou me referindo a virgindade sexual heim galera huahua) nos baseamos em experiências alheias já vividas para espelharmos nossos futuros feitos. E foi assim que eu fiz em relação ao meu parto.

Como já mencionei, o meu pré-natal foi feio na Medicina, e lá eles só aceitam realizar cesáreas em casos de perigo para a mãe ou para o neném. Já sabendo disso tratei de digerir a idéia de ter um parto normal. Comecei a pensar... se dizem que o parto normal é tão bom para mãe e filho porque não optar por ele? Querendo ser uma super-mãe, quase que não fui mãe...

Nossa geração tem pavor de parto normal, então fui recorrer às avós para saber das histórias. Só que não servia muito de base, tendo em que antigamente as parteiras que faziam os partos e quase sempre ocorriam lá no meio do mato. OK, não tinha nenhum ser humano moderno para me explicar o que seria o parto normal. Eu sabia muito pouco e o pouco que eu sabia me dava um pouco de medo.

Umass me diziam que a dor do parto era igual a de pedra nos rins, o que pra mim era fichinha, já sofri de cólica de rins umas 4 vezes e sobrevivi! Outras diziam que as vezes as contrações nem apareceriam. E SE aparecesse?!?! Que raios é uma contração? Como eu saberia que uma contração era uma contração?!?! Também tinha a história da “bolsa seca”, a bolsa de algumas mães não estoura, o liquido vai saindo juntamente com a urina e a mulher nem percebe, quando vão ver a placenta já ta sem líquido e o bebê quase morrendo. E o temííííível pique que dão LÁ? Kkkkk Dúvidas demais, medos demais, mitos demais. Eu teria que descobrir tudo por mim mesma.

E assim foi! E foi da pior maneira possível!

No sábado tive consulta na Medicina, deu tudo certo, ultrassom certinho, Mariazinha já encaixada, mas não me deram uma previsão de nascimento, poderia ser a qualquer momento. No domingo acordei cedinho sentindo uma dorzinha enjoada e fui assistir F1 com o meu pai. A dor persistia no decorrer do dia, então eu percebi que seriam contrações, entretanto não queria ir para a Medicina, só queria ir quando tivesse certeza que a Maria estava chegando, quando a bolsa estivesse estourado.

A noite chegou e as dores não cessaram, então pedi para o meu pai me levar na Medicina. Me agasalhei toda e botei um sapatinho porque estava muito muito muito muiiiiiito frio. Então um aluno me examinou (é, aluno... ¬¬) e disse que eu estava realmente tendo contrações e que estava com 4 cm de dilatação. PEEEEEENSA NUMA PESSOA NERVOSA. Lembro que gritei um “MENTIIIIIIIIIIRA” kkkk. Mas era verdade. Pra variar eu estava sem crédito e com a bateria do cel acabando, só dei algumas ligações e avisei que já estava em trabalho de parto (foi aí que pedi pro meu irmão postar ^^). Lembro também de ter ligado para o seu pai, Maria. Dava pra sentir o medo em nossas vozes, a hora de nos tornarmos pais se aproximava... Logo me levaram pra sala de pré-parto para aguardar a temida e tão aguardada hora. (Detalhe kkkkk eu estava de sapato, imaginem a cena, eu com aquela camisolona de hospital e sapato, tava SUPER fashion kkkkkk).

Desde a hora que recebi a notícia que estava com dilatação pensei que iria parir (sei que essa palavra é feia mas eu a adoro kkk) quase que instantaneamente. Doce engano. A cada hora dilata 1cm. Fiquei madrugada inteira sentindo dor. As contrações foram ficando mais constantes, a dor a partir do 6ºcm é INSUPORTÁVEL e eu pedia pro João Paulo (que era o aluno que estava me acompanhando, por sinal ele foi UM FOFO o tempo todo comigo, ai quero achar ele no fb AGORA! Ahuah ok foco foco) uma cesárea que eu  não iria agüentar. Ele me acalmava e dizia que estava tudo certo. Tomei injeção na poupança pra parar o vômito, a dor era tão forte que eu gorfafa. Não adiantou! Remédio na veia. Não adiantou!

De hora em hora vinha João Paulo para medir a intensidade das contrações, ouvir o coração de Maria e fazer exame de toque. Eram duas da madrugada e a bolsa não tinha estourado, então vieram com uma varetona de plástico e me explicaram que iriam estourá-la. Ok, fazer o que né? Quase não tinha mais líquido. Me falaram que de agora pra frente iria mais rápido. Não foi tanto. Ainda sentia dores. (mas eu estou aqui tentando lembrar das dores e não me recordo, ou seja, não eram das pioooores.)

Quando eu já estava com 10cm de dilatação o exame de toque era feito a cada contração (nessa hora você não tem mais vergonha de exame de toque, não tem vergonha de mais nada, foi-se embora a sua dignidade, colega) a residente disse que a Maria tinha parado de descer e que iríamos para a sala de parto para me posicionarem e pra ela voltar a descer.

Se vocês estavam sofrendo com tudo o que eu havia dito até agora, APERTEM MINHAS MÃOS =~  Respirei fundo, e fui para a sala de parto. Minha mãe disse que não iria me acompanhar, o pai da Maria tinha chegado e estava aguardando lá de fora. Me botaram naquela cama que tem aqueles negocinhos pra apoiar as pernas, e então começamos todo o esforço para botar Mariazinha no mundo!

Duas residentes iriam fazer meu parto. Minha mãe chegou na sala de parto e disse que ficaria comigo. Ficou ao meu lado. Comecei a fazer muita força quando chegavam as contrações, elas me falaram que eu estava fazendo força errada. Tentava fazer a força do jeito certo e não adiantava. Elas começaram a balançar a cabeça, botaram a mão no queixo e olhavam uma para a outra. Eu pedia ajuda. Me injetaram remédio pra aumentar as contrações. Maria não descia. Gritei por ajuda. Duas enfermeiras começaram a empurrar minha barriga para baixo. Não adiantava. Maria, minha filha, você estava entalada, não descia! Foram ouvir os batimentos cardíacos, e para o meu espanto, eles estavam quase parando. Filha, eu que sempre ouvi seu coraçãozinho bater tão forte e ritmado estava ouvindo ele fraco, a ponto de parar. Me pus a chorar, em 30 segundos me passou o filme inteiro da gestação em minha cabeça, o amor que eu já sentia por você, a superação que eu enfrentara, o seu quartinho que eu e minha família havíamos preparado com tanto carinho, suas roupinhas, tudo isso em vão?

Soaram a sirene. Estavam chamando o médico plantonista com urgência em minha sala. Me deram o pique. Ele chegou correndo. Fiz força e não adiantou. Perguntei se iriam fazer cesárea e ele disse que não. Sussurraram entre si algo que não entendi. Então o médico pegou um instrumento, que para mim, era assustador, o fórceps! Eu nunca tinha visto isso, nem tinha ouvido falar, mas iriam tirar minha filha a ferro! Era tipo um bastão de ferro e que tem um encaixe para prender na cabecinha e puxar. Ele tentou uma vez e nada, duas e nada, três e nada. Parou um pouco. As enfermeiras pediam para eu fazer um esforço e fazer a maior força que eu poderia pra ajudar os médicos. Fiz uma promessa. Fiz força. Te puxaram filha, VOCÊ NASCEU!

Fiz uma força tão grande e o médico estava com as mãos ocupadas que ele gritou “Segura ela!” A residente te segurou. Você estava de costas para mim. Branca, com a cabecinha meio pontiaguda, sem chorar, sem respirar, para mim estava sem vida. Comecei a gritar “O QUE TEM COM O MEU BEBÊ? POR QUE ELE NÃO CHORA?” Virei pra minha mãe, e também via medo nos olhos dela. Correram com a Maria pro fundo da sala. Gritaria geral chamando pela pediatra, novamente soaram a sirene. Ninguém me respondia. Eu não te ouvia, Maria.

Até que um murmurinho se fez presente, era a sua voz! Fraca, mas era. Te colocaram numa incubadora e subiram com você. Não consegui te ver =~. Vieram me explicar que você não estava encaixada corretamente e por isso não conseguia descer, também já havia passado da hora de fazerem cesárea. Quando eu percebi a placenta já havia sido retirada, nem a senti.

O parto durou uns 40 minutos, devido ao fórceps eu tive laceração interna, então eu devo ter recebido quase 100 pontos. Demoraram mais de uma hora para me costurarem. Pensei que iria morrer de hemorragia.

Fiquei um bom tempo sozinha na maca esperando ir para o quarto. Chegou o momento. Fui acolhida pelos meus pais, irmão e pai de Maria, logo chegaram seu outros avós. Seu papai e sua vovó já tinham ido te visitar, me falaram que você estava bem. Seu pai me disse que havia contado os seus dedinhos. Eu não acreditava que você estava bem. Eu estava seca. Não estava feliz e radiante feito as mães de filmes e novelas. Nem era possível! Minha filha nascera e eu não havia me apresentado, dado um beijo nela, nem sabia se ela realmente estava bem.

Até que as dez horas da manhã você foi para o quarto. Nem podia imaginar que você era você. Estava tão saudável (ai to chorando hauuhahau) tão bonitinha, tão VIVA!!!!! Apesar de ter ficado com um machucadinho no rosto por causa do fórceps, mas que saiu em dois dias. Bem, daí por diante foi só felicidade, não dormi por dois dias seguidos, pois não conseguia tirar os olhos de você. Eu acho que você foi a bebezinha que mais recebeu visitas naquela Medicina, a gente fez entrar tanta gente naquele quarto que a mamãe recebeu várias broncas das enfermeiras huahua. Era muita gente querendo te conhecer, era muito amor! A notícia da sua chegada começou a se espalhar pela net e todos os amigos lhe desejaram muita saúde!












Maria Eduarda Ribas Corrêa Damasceno nasceu em 27/06/11, com 49,5cm e 2,865kg, às 5:06 da madrugada mais fria até então em Uberlândia. Esse dia ficará em minha memória para todo o sempre. Nesse dia te dei a vida, nesse dia você me devolveu a minha.



4 comentários:

  1. "Nesse dia te dei a vida, nesse dia você me devolveu a minha." Vale deixar uma dinda emocionada?!
    Esse dia foi importante pra vocês e para todos os amigos que acompanharam esses nove meses!! Dando risada e segurando na mão! rs
    Foi um dia tenso, mas muito alegre!! Lembro de chegar no hospital e ver uma coisinha toda fofa embrulhadinha numa mantinha rosa! oun oun (Maria Eduarda não nasceu com cara de joelho!)
    E apesar de tantos pontos lááá, você estava firme e serena, como todas as mães são! =*

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  2. Nossa, termino essa leitura com os olhos cheios de lágrimas. Frase LINDA no final, fechou com chave de ouro.
    Só quem acompanhou essa saga de perto sabe o que foi essa gestação.
    O dia do nascimento da Maria tava muuuito frio, mas só de olhar pra ela o coração de todos ficou quentinho.
    Héllen e Maria Eduarda.. como já dizia o grande Roberto Carlos : São tantas emoções.. hahahaha

    amo vcs!

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  3. Que isso?!?! sessão de filme de terror? aaaa, e vem cá, teve detalhe que foi oimitido hein....kkk Qual foi a promessa?

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  4. Fiquei arrepiada...Linda história..que bom que no final deu tudo certo...
    Bjos pra vocês...

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